Allen Halloween, rapper de Odivelas, foi o artista escolhido
para inaugurar a edição de 2012 do Misty Fest e ir ao Cinema de S.Jorge
apresentar o álbum Árvore Kriminal,
de 2011. O festival expandiu horizontes desde Sintra até Lisboa e prova disso
foi este primeiro concerto.
Halloween acompanhado do Dj Núcleo e dos dois mcs |
Assim que a sala ficou cheia e as pessoas sentadas nos seus
lugares, as luzes apagaram-se. O Dj Núcleo apareceu em palco, fazendo a
introdução àquele que seria o dito concerto. No meio ouviu-se “Eles comem tudo
e não deixam nada”, uma sample de
«Vampiros», de Zeca Afonso, que não só remete para uma canção antiga, mas,
ainda assim, muito atual, como também para o carácter interventivo do rap. Esta
música acaba por ilustrar também o que Halloween pretende que aconteça com os
seus temas, tal como disse antes de interpretar «SOS Mundo», do álbum Mary Witch Project . “Não faço músicas
para o momento ou para durarem um ou dois anos. Esta, por exemplo, ainda é
atual e foi feita em 2005”
As características da sala alteraram um pouco a dinâmica de
um concerto normal deste género. Contudo isso não impediu quer o feedback do público, quer a
expressividade do Halloween, que subiu ao palco acompanhado por dois mcs da Odc
gang, a sua crew de Odivelas. Os lugares eram sentados, mas muitas foram as
pessoas que ocasionalmente se metiam de pé durante as músicas e alguns amigos
gritaram, inclusivamente, mensagens para o rapper. Canções como «Drunfos», «Noite na lisa», «Convite», «Killa Me» e «Mary Bu» tiveram reações
muito positivas, mas foram a «No love» e a «Fly nigga fly» que tiveram direito a um coro de vozes que
cantou as letras na íntegra.
«Debaixo da Ponte» com Tó Trips |
O momento alto do concerto foi quando Halloween anunciou que
teria um convidado para vir tocar uma música com ele. E chama Tó Trips ao
palco, de quem confessa ser um grande fã, motivo que o levou a propor esta experiência. “Isto foi algo que tentámos esta tarde, um pouco
para experimentar e vamos ver no que dá”, disse.
As luzes de palco ganharam um tom arroxeado e Tó Trips
dedilhou as primeiras notas de «Debaixo da Ponte». Os elementos do cenário, a
colaboração de Tó na guitarra e a voz arranhada de Allen Halloween fizeram
deste um momento muito expressivo e dramático. Algo único, como o próprio disse
no final da música.
Voltando ao carácter interventivo do rap, Halloween
mostrou-se atento à atualidade e destacou uma notícia que viu. “Vi nas notícias
que as famílias andam a pagar enterros às prestações. Nem morrer está fácil
neste país.” Foi o mote para «Um Jardim à Beira-Mar», canção que apela à
mudança.
No final do concerto, Allen Halloween apresentou duas
músicas do seu próximo projeto com o Odc gang, do qual os outros dois mcs fazem
também parte. Escumalha: Sons da pedrada será
o nome da mixtape a ser lançada em
breve.
Escumalha: Sons da pedrada |
Quando o texto prende o leitor à par de gostos musicais isso só pode ser positivo.
ResponderEliminarEsta peça, que me ajudou a respeitar o conceito estrutural do rapper no concerto, deu-me a conhecer algo que me passa ao lado neste contexto musical.