Rubrica: Ocarina do Tempo #5


26 de novembro...

Na rubrica de hoje, do Ocarina do Tempo, vamos viajar até 1940, ano da gravação do tema «Orchids In The Moonlight», por Xavier Cugat e a sua orquestra. A versão original foi composta em 1933 pelo norte-americano Vincent Youmans e foi orquestrada por Rudy Vallee para um filme intitulado «Flying Down To Rio», realizado por Thornton Freeland. A canção está classificada como sendo um dos melhores tangos do mundo e já foi alvo de variadíssimas versões por parte de alguns artistas.

Versão original do tema «Orchids In the Moonlight», por Rudy Vallee, de 1933

A versão de Xavier Cugat, gravada a 26 de novembro de 1940, é uma delas. Uma pesquisa mais a fundo, sobre a história do artista, leva-nos a descobrir um repertório enorme de músicas e um elevado grau de notoriedade em relação à sua carreira, desvendando o porquê de tamanho sucesso e o porquê de grandes êxitos de dança latino-americanos, que hoje conhecemos, terem sido popularizados por ele.

Versão do tema «Orchids In The Moonlight», por Xavier Cugat, de 1958

Xavier Cugat, nascido Francisco de Asis Javier Cugat Mingall de Cru y Deulofeo, foi um dos principais impulsionadores da música de dança latino-americana. Durante as suas oito décadas de carreira, ajudou a popularizar estilos como o tango, a rumba, o cha-cha e o mambo. Temas como «El Manisero», «Perfidia» e «Babalu», podem ser facilmente reconhecidos no seu repertório. Da sua banda faziam também parte Dezi Arnaz, Miguelito Valdez, Tito Rodriguez, Luis Del Campo, Yma Sumac, e a sua terceira esposa (de um total de quatro), Abbe Lane. Cugat conta ainda com aparições em filmes como «Gay Madrid» (1930), «You Were Never Lovelier» (1942), «Bathing Beauty» (1945), «Weekend at the Waldorf» (1945), «Holiday in Mexico» (1946), «On an Island With You» (1948), «A Date With Judy» (1948), «Chicago Syndicate» (1955) e «Desire Diabolique» (1959).

«El Manisero»

«Perfidia»

Nascido em Espanha, no município de Girona (comunidade autónoma da Catalunha), Xavier Cugat imigrou com a sua família para Cuba em 1905. Começou desde muito novo a sua atividade musical. Com 12 anos apenas, a sua formação em música clássica permitiu-lhe integrar a orquestra do Teatro Nacional, em Havana, como primeiro violinista. Emigrou entre 1915 e 1918 para os Estados Unidos, onde encontrou rapidamente trabalho acompanhando uma cantora de ópera. Cugar ainda tocou duas vezes no Canergie Hall, percorreu os EUA e a Europa numa digressão com uma orquestra sinfónica e foi solista da Los Angeles Philharmonic, mas o dinheiro e o feedback crítico não foram satisfatórios.

Na altura da febre do tango, por volta de 1918, Cugar ainda chegou a fazer parte de um grupo de baile popular chamado The Gigolos, porém, o seu envolvimento com o grupo foi curto. Com a diminuição da popularidade do tango, Cugar foi obrigado a fazer uma pausa para trabalhar como cartoonista para o jornal The Los Angeles Times, regressando ao mundo da música somente em 1920, com a criação do seu próprio grupo os Latin American Band. Embora tocassem regularmente no Coconut Grove, em Los Angeles, e fornecessem as bandas sonoras para curtas musicais, o grupo obteve o seu maior sucesso depois de se terem mudado para Nova Iorque e de se terem tornado a banda residente do Waldorf Astoria Hotel.

Cugar foi bastante criticado por a sua sonoridade ser ter alterado para uma característica mais comercial, ao que ele um dia justificou: “prefiro tocar o «Chiquita Banana» e ter uma piscina, do que tocar Bach e morrer à fome”. Cugar e o seu grupo permaneceram como a banda residente do hotel por um período de 16 anos, tornando-se no líder de banda mais bem-pago de toda a história do hotel. Em 1934, a sua banda foi convidada a tocar num programa de rádio numa emissão, aos sábados à noite, com a duração de três horas.

«Mambo nº5»

Numa altura em que líderes de bandas como Benny Goodman e Glenn Miller tinham atingido um elevado grau de popularidade, Cugat beneficiou de um conflito entre a sociedade americana de compositores, cantores e editores, e as estações de rádio. A sociedade retirou todas as músicas, que fossem nela registadas, das emissões de rádio, no entanto, Cugar tinha mais de 500 temas latinos não assinados na sociedade e rapidamente agarrou uma audiência enorme, tendo-lhe validado, por isso, o apelido de “Rei da Rumba”.

As participações em filmes, acompanhado da sua banda, ou mesmo sozinho, foram uma constante. Sendo que, a mais popular de todas, e a que serviu de rampa de lançamento para a grande tela, foi a aparição no filme «You Were Never Lovelier», em 1942, com a atriz Rita Hayworth, que tinha conhecido anos antes, ainda ela era uma bailarina sob o nome de Margarita Cansino.
As gravações do seus temas, durante a década de 50, contaram com a participação da sua terceira esposa Abbe Lane, no entanto, em meados da década de 60, as participações foram levadas a cabo pela sua quarta esposa, Charo, que acabou por ficar famosa a título individual, com temas como «Dance a Little Bit Closer» e «Love Will Keep Us Together». Cugat retirou-se do mundo da música em 1970, regressando a Espanha, onde acabou por morrer em 1990. 




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