Soja no Coliseu dos Recreios


Quando entrei na rua do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, vindo da Martim Moniz, sabia que o concerto de Soldiers of Jah Army estava esgotado. Poucas horas antes, via-se na Internet gente desesperada para comprar um bilhete a alguém, via-se na rua pessoas à porta a perguntar se alguém tinha um bilhete a mais.

Antes das portas abrirem as pessoas iam-se juntando à fila para entrarem, de um lado e do outro, que ia desde as portas do Coliseu e corria uns 150 metros até à última pessoa, que nunca o era por muito tempo. Ia-se gritando “Soja! Soja!” como se de uma manifestação se tratasse.

Em tempos de crise, a cultura Reggae em Portugal parece não ter perdido fãs, bem pelo contrário. As pessoas que se iam juntando à fila para entrar, não deviam ter carta de condução há muito tempo, e deviam ser poucos os que acompanhavam os Soja desde Peace in a Time of War de 2002, surpreendidos por uma afluência jovem que não resistiu à mensagem da banda do estado da Virgínia.


A mensagem é o mais importante que os Soja têm para passar, foi isso que disse Jacob Hemphill, o vocalista, quando foi tempo de agradecer a uma casa cheia, que acompanhou o concerto em festa, no bom ambiente característico do Reggae. E que soube acalmar nas músicas que assim o pediam, quase transformando o público em família, que ao som de «Rasta Courage» parecia ter transformado o Coliseu dos Recreios numa vigília em nome de algo melhor.

A banda que foi buscando aos seus 5 álbuns os temas a apresentar neste concerto, tocou a inconfundível «You Don't Know Me» em tons de samba. Com a melodia do pianista Patrick O'shea como fundo, os membros da banda foram acompanhando a música com percussões de samba, que mais uma vez puseram o coliseu aos saltos, quase em transe.

Com o avançar do concerto, os Soja foram contagiando um coliseu inteiro, e quando Richie Campbell apareceu para tocar «Blame it on Me» e «That's How We Roll», o coliseu fez questão de responder. Estava em cima do palco com os Soja um português também, e de repente lutar por aquilo em que acreditamos fazia sentido.

Foi com  «Tell Me» e «Here I Am» que tocaram pela última vez naquela noite em Lisboa. No fim ninguém estava triste, acredito que tenha sido pela enorme atuação que os Soja deram em palco, e não pela presença de drogas leves, habitual num quotidiano jovem, mas que em ambiente de Reggae são quase uma necessidade como ouvi alguns a comentar enquanto esperavam na fila.

Ficou, no entanto, a faltar «True Love» do álbum Peace in a Time of War, num alinhamento onde não faltou quase nada, «True Love» é uma música incontornável. Podemos não conhecer os Soldiers of Jah Army, mas algures no tempo ouvimos a «True Love».


Alinhamento:
I Don't Wanna Wait
Mentality
Rest of My Life / Faith
Decide You're Gone
Strength To Survive
Be Aware
When We Were Younger
Rasta Courage
You Don't Know Me
Let You Go
Revolution / To Whom
You and Me
Not Done Yet
Sorry                                                                         
Everything Changes
Tell Me / Here I Am






Sem comentários:

Enviar um comentário