Rubrica: E Parece o Longínquo tão Hoje! #2


#2 - Gira-Discos


Não consigo precisar a data de quando, entre "tralhas" e afins, fui dar com uma mala de mão preta muito estranha. Estranha porque era feita de plástico. Uma mala de plástico? Pesada por sinal, o que ainda mais me intrigava. Como referi anteriormente, não consigo precisar que idade tinha na altura, mas certamente idade de ter o chamado "bicho-carpinteiro nas unhas".
Então, toca de tentar abrir aquele objecto que aos olhos de muitos passaria despercebido.
Qual não foi o meu espanto quando me deparo com um compartimento para cassetes de áudio, uma agulha presa a um braço de plástico amovível, e um espaço redondo vazio no meio da mala. Era um gira-discos. Obviamente que já tinha tido oportunidade de ver um objecto destes nos filmes, mas nos filmes por norma são sempre grandes armários com gira-discos embutidos, nunca em forma de uma mala de mão. A minha curiosidade despertou igualmente a curiosidade da minha mãe de saber o que andava a fazer há tanto tempo no sótão da nossa casa.
Ao ver a minha cara de espanto, sorriu e disse: "Já nem me lembrava que isso existia aqui em casa! Devem estar para aí alguns Vinis perdidos!" E eu com a minha curiosidade habitual exclamei: "Vamos procurar!".
O primeiro vinil que foi encontrado, e que a minha mãe fez questão de me mostrar foi o vinil de «USA for Africa – We Are the World», um projecto produzido por Quincy Jones, e composto por Michael Jackson e Lionel Richie. Um projecto que tinha como objectivo a angariação de fundos para o combate á fome no continente africano. Michael e Lionel reuniram 45 dos maiores nomes da música, afim de sensibilizar os ouvintes para os problemas que existiam em África. 25 anos depois surge o êxito «We Are the World for Haiti», desta vez para angariação de fundos para as vítimas do terramoto do Haiti, em 2010.
Foto: Autora da Rubrica
Sei que ouvi e ouvi sem parar esta música de 1985. Estas vozes todas erram surreais, ouvir uma vez nunca era suficiente. De facto, ainda hoje a ouço, e continua a provocar um arrepio na espinha. Quase que podia jurar que lhe tirei o risco irritante, quando Kenny Rogers entoa um "We Can’t Go On Pretending Day By Day". Nunca mais gaguejou nessa parte.

Sempre disse à minha mãe que tinha bom gosto musical, e que adoraria ter vivido naquela altura, no tempo em que Boney M ecoava naquele gira-discos. E quem diz Boney M ("Hooray, Hooray, it’s a Holi-Holiday!"), diz George Michael, Nik Kershaw, Kim Wilde, The Police ("I’ll send an SOS to the World!"), e por aí fora. E de facto, os discos que ela tem (na maioria de 45 rpm) demonstram esse bom gosto. Um dia gostava de ter um gira-discos na minha casa (tudo seria ouvido em Mono), e uma colecção "jeitosa" de vinis.
Foto: Autora da Rubrica
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