Alex D'Alva Teixeira em entrevista


"Um gajo que faz cenas fixes"
Fotografia de Vera Marmelo

É com esta modéstia e talvez ingenuidade que Alex D’Alva Teixeira se descreve. Tem 22 anos, vive na Moita e a sua história dava um filme, não, uma série! “Se pudessem agarrar na história teria de ser contada em forma de websérie daquelas de baixo orçamento”. O talento e a sorte de Alex levaram-no até ao patamar onde está agora: com um single a passar nas rádios, um EP lançado e um álbum a caminho.

Podemos dizer que o Alex tem duas paixões: O design e a música. A primeira foi uma paixão que foi desenvolvendo, enquanto que a segunda sempre fez parte de quem ele é. “Tudo começou quando andava no infantário. Ofereceram-me um gravador de cassetes no Natal e o que eu fazia era inventar músicas, juntando sons que gravava. Ainda tenho essas cassetes.”
Apesar de, na altura, se descrever como irritante foi essa insistência, demonstrada nesses primeiros passos, que o levou a investir na música, sempre muito encorajado pelos seus pais, que achavam muita piada quando o Alex “ia brincar às bandas”.

A brincadeira tornou-se séria quando o Alex começou a lançar as suas músicas na internet e a ver que estas tinham uma visibilidade maior do que a esperada, razão pela qual tem uma forte presença nas redes sociais e valoriza muito este meio para a divulgação do seu trabalho. “No ano passado, no Natal, gravei uma mixtape, que meti online para que todos pudessem fazer o download e isso acabou por chegar a mais pessoas do que o que eu esperava. Acabei por ficar surpreendido com o que fiz.”

Ben Monteiro e Vitor Azevedo tocam com o Alex na banda à qual ele empresta o nome. Conheceram o Alex num festival de bandas que o próprio organizou e na altura pertenciam ambos a bandas das quais ele gostava. Ambos concordam que esta história do Alex como underdog que acaba por vingar não é só sorte nem só talento, mas também vontade de fazer e de “se mexer”. “Eu conheço o Alex porque ele se mexeu, porque ele organizou um festival e convidou a minha banda para lá tocar, o que me fez conhece-lo e, depois de vários processos e contactos, estamos aqui hoje.”, diz Ben Monteiro, realçando a importância desta proatividade que é comum aos três elementos.

Assinou com a FlorCaveira e lançou o EP Não é um projeto, em Junho. “O título do EP é uma piada. Nós fomos tocar à final do Termómetro, no Porto e no dia seguinte tínhamos vários blogs a escrever sobre o projeto Alex D’Alva Teixeira então foi um bocado confuso porque na altura éramos quatro pessoas em cima de um palco e é o meu nome que aparece. Então resolvemos fazer essa piada, o Alex não é um projeto, é uma pessoa, é um rapaz”.

Uma das características que melhor define Alex D’Alva Teixeira, enquanto pessoa, é a sua versatilidade, sendo que consegue ser influenciado por bandas dos mais variados géneros, como Underoath ou Bloc Party, por exemplo. Ben confessa que a música que fazem já começa a ter um bocadinho de todos e que o seu objetivo é ajudar a descobrir o Alex no meio de todas as suas mais variadas influências. Como? Não impondo limites, libertando-se de tudo.“Uma coisa que percebemos rapidamente é que o Alex ouve muita coisa, faz muita coisa e produz muita coisa diferente. Não fazia sentido, de maneira nenhuma, estar a restringir isso”. “Uma das coisas engraçadas quando incorporas a ideia do não estar preso a nada é que te podes divertir muito ao fazer música das mais variadas formas, mudando os estilos das canções”, completa Vitor.

Alex, Vitor e Ben querem ser conhecidos por esta versatilidade e imprevisibilidade. Não falam do disco que vão lançar, apenas dizem que é um disco muito heterogéneo.

Agora que estamos prestes a entrar num novo ano, o Alex faz o balanço do que passou e considera-se sortudo. “Em 2012 aconteceu tudo: é o ano em que sai o EP, em que consegui chegar até mais pessoas e até mesmo o ano no qual a minha familia consegue dar algum crédito aquilo que eu faço.”. Diz que no futuro o seu objetivo é ser criativo e ser distinguido como um artista, não só um músico ou um designer. “Acho interessantes pessoas como o Salvador Dalí, por exemplo. Ele fazia tanta coisa diferente. É certo que é mais conhecido pela pintura, mas fazia tanto”. Confessa que gostava de experimentar ilustração e investir na área audiovisual, embora, de momento, se queira focar ao máximo em evoluir musicalmente. “Eu acho que a minha vida seria incompleta se só pudesse fazer uma coisa.”, conclui.

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