Pavio Especial #2

Neste segundo texto tardio da rubrica Pavio, vou falar da cultura Hip Hop relacionando com o concerto que ocorreu no dia 30 de Novembro, no Campo Pequeno, Valete ou o "Anti-Herói".
Antes de referir algumas passagens do concerto histórico de Valete, quero dizer que esta rubrica vai ser influenciada pelo meu gosto pela cultura Hip Hop. "Rap" vem infiltrar-se no Hip Hop, ou vice-versa, calma... Ambas as coisas foram completando-se até hoje ouvirmos rap com excelentes metáforas como as do Valete, Sam The Kid. Hip Hop para mim é mais aquela cena que faz abanar o esqueleto e mexer a cabeça entre 4 a 6 minutos de maneira igual. Rap é concentrarmos-nos mais na letra, no tema que transmite. Mas como disse alguém " estamos sempre a aprender" e eu sou um desses marretas!



 

Entrando com o pé no Top  dos concertos inesquecíveis que cada um tem na sua cabeça ( quase todos nós temos uma lista dos 10 melhores concertos que fomos ver) o Valete no Campo Pequeno foi certamente um dos meus melhores concertos. Não só por ser o primeiro concerto de Rap em que estavam tantas miúdas mas porque este foi o formato clássico, o MC principal e dois MCs de suporte ( Bónus e Adamastor) e dois Dj's que alimentavam a sede dos scratches! O Hip Hop tuga cada vez mais assume a sua posição de música de intervenção e cada vez eleva-se o género a um nível em que não só os beat's definem a canção mas que a letra é um autêntico "murro no estômago". É dos poucos géneros que acho que fundem bem com todos os outros e que foi evoluindo ao longo dos anos e está a criar bons Dj's e bons MC's. Temo uma revolução não só liricista mas violenta também!
No palco tauromático de Lisboa, ninguém foi capaz de fazer a "pega" a estes touros que ditavam as regras. Umas valentes cornadas ou umas valentes " 16 barras" foi assim que acabou uma página de História que iríamos recordar aos nossos filhos daqui a 20 anos. Agora não tenho bem noção do grandioso. Contou com a presença de Sam The Kid( que cantou «Poetas de Karaoke»), Xeg (que abriu esta celebração e esteve no palco com o Valete,Sam,Adamastor, Bónus e Regula) e Regula. "That's it", podia ter sido gravado para DVD ! "Um só caminho"! Este pode ter sido a única oportunidade dos tropas/niggas que curtem Valete líricista/belicista de ouvir os três álbuns e todas as outras que possam imaginar.
Os «Melhores anos» com Jimmy P foi o momento em que cantei a letra toda, visto que o passado é algo que tocou muito não só a mim mas como ao público que enchia uma grande parte da sala lisboeta. Hard Club, boa sorte! "Marcha dos dez mil homens" continuará?
Foi o segundo maior concerto de Hip Hop Nacional, depois de Boss AC!





Esta panóplia de texto lembrei-me de algumas coisas que me foram ditas: preconceitos quanto a uma das culturas mais influentes na música.
Eis os preconceitos que vou desmontar muito rapidamente;

  • Os rappers dizem yo e tratam-se por dread e nigga
  • Usam roupas largas e usam "ouro"
  • Falam de "manos que morreram", drogas, problemas familiares e nao muito mais.

Bom... sendo a minha rubrica posso dizer o que quiser caraças!
  • Dizem yo porque vai-se ganhando flow à medida que vão cantando as suas ideias, e para empatar quando se improvisa, ou seja, freestyle ( rappar sem ter um texto na cabeça, inventando dicas para difamar o outro MC). O Hip Hop tem uma imensa comunidade negra,niggas, e referiam-se a eles quando os queriam insultar;
  • Esse mito é falso porque nem todos os MC's se preocupam com roupas e futilidades;
  • Cantam sobre os temas que vivem, e muitos vivem em bairros sociais, e nas "ruas" existe muita criminalidade, drogas, problemas familiares que são esquecidos na rua onde esses rappers convivem com os companheiros e amigos e onde se desenvolve um grande espírito de companheirismo visto no palco, por exemplo no concerto do Valete, em que ele trouxe a palco Adamastor e Bónus. A Rua é outro ambiente que muita gente não entende. Essa não compreensão dá origem a uma revolta e muitos beats e muitas barras!


Chateado e a ferver ele sim tem uma qualquer revolta interior! The Game, West Side.


PEACE and CHILL

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