Alex D'Alva Teixeira: "Gostei imenso do look dos Metronomy e queria ser o baixista deles"

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Entrevista
Alex D’Alva Teixeira

Gostei imenso do look dos Metronomy e queria ser o baixista deles”

Alex D’Alva Teixeira, uma jovem promessa da música portuguesa, esteve presente numa das salas de aula da escola técnica Etic, para uma entrevista protagonizada pelos alunos do curso de «Jornalismo e Crítica Musical». Alex veio acompanhado de dois músicos que participam com ele, não só ao vivo, mas também no processo criativo, Victor e Ruben, ou Ben, como gosta que lhe chamem. Ambos fazem parte da editora Flor Caveira e serviram quase de catapulta para a notoriedade que o artista goza hoje em dia. Estivemos à conversa com ele e conseguimos desvendar um pouco mais da sua identidade não só como músico, mas também como pessoa.

Alex tem 22 anos é de Luanda, mas vive na Moita, local de onde saíram bandas como os Kussondulola e os Switchtense. “Eu acho que todas as bandas da Moita que eram realmente boas chegaram a algum lado”, referiu. “ainda hoje são as bandas que estão à frente dos festivais que acontecem por lá e dentro do circuito há muita gente que os conhece”, acrescentou ainda. Alex vive dividido entre duas grandes paixões, a música e o design. O jovem músico recordou como tudo começou. [Relativamente à música] “acho que como a maioria das crianças, brincava e gostava de ouvir música, gostava de ver o Michael Jackson na TV e pegava num objecto qualquer que se parecesse a um microfone e dizia à minha mãe que queria ser cantor”, relatou. [Quanto ao design] “Foi por acaso. Na altura em que comecei a ter de escolher o que queria fazer, não queria tirar design gráfico, mas a minha mãe insistiu bastante e eu lá fui tirar esse curso”, afirmou. Questionado sobre a possibilidade de ter de optar por uma paixão em relação à outra, o músico afirmou que a vida dele seria incompleta se só pudesse exercer uma delas. “Há alturas em que gosto mais de fazer uma coisa, noutras, gosto mais de fazer outra”, acrescentou. “Aquilo que eu gostava mesmo que acontecesse é que me vissem como um artista, não só como músico ou como um designer”, concluiu.

A família foi uma forte influência para o jovem angolano que começou logo desde cedo a tocar instrumentos. “Eu cresci na igreja e a certa altura foi preciso alguém para tocar baixo”, esclareceu. “Do baixo para a guitarra foi um pulo. Até porque eu tinha uma guitarra em casa e os meus pais encorajavam-me bastante a tocar.”, adiu o músico. As redes sociais são um dos recursos que o artista utiliza para divulgar as suas ideias, opiniões e até a sua própria música. “No ano passado, no Natal, gravei uma mixtape que meti online para que todos pudessem fazer o download e isso acabou por chegar a mais pessoas do que o que eu esperava.”, afirmou.

Victor e Ben juntaram-se ao artista em 2009. “O Alex tinha uma banda e eu propus- me a produzir uma demo na altura”, explicou Ben. A partir daí, Ben começou a participar a tempo inteiro no processo de criação do jovem artista. “decidi ajuda-lo, porque achei que o seu trabalho merecia ser ouvido”, acrescentou. “O Alex começou a ganhar alguma notoriedade entre as pessoas, portanto, também percebi que tínhamos de tornar o processo um bocadinho mais sério.”, continuou. Passados alguns anos desde o começo, Alex e o seu núcleo produtivo já se sentem como apenas um. “Hoje em dia olhamos para isto como algo praticamente de todos.”, concluiu Ben.

Alex D’Alva Teixeira define-se artisticamente como uma pessoa multidisciplinada e versátil, tal deve-se muito aos incentivos dos companheiros que o seguem na sua missão. “Enquanto estive a trabalhar com o Ben, na produção do disco, ele incentivou-me bastante e ensinou-me bastantes coisas para poder fazer música da forma mais versátil possível”, disse o artista. “Nós agora estamos a gravar um disco. Assim que ele estiver pronto e tiveres a oportunidade de o ouvir vais perceber que é muito heterogéneo.”, acrescentou. “Não é Um Projeto” é o nome do EP que lançou através da editora Flor Caveira, no qual teve também a oportunidade de exprimir a sua veia de designer. “Durante uma semana eu e um amigo nosso andámos a fazer a capa”, disse o músico. O título, por sua vez, surgiu em forma de brincadeira. “na altura éramos quatro pessoas em cima de um palco e foi o meu nome que apareceu [na comunicação social]. Então resolvemos fazer essa piada, o Alex não é um projeto, é uma pessoa, é um rapaz”, esclareceu o próprio.

Os laços são já uma imagem de marca que o artista carrega com orgulho. “Eu acho que comecei a ver demasiados blogs de moda durante este ano”, afirmou, entre risos. “Gostei imenso do look dos Metronomy e queria ser o baixista deles (gargalhada). Tudo se iniciou como uma brincadeira, mas depois, tudo começou a bater tão certo que quando fui ver Metronomy, no Optimus Alive, havia pessoas que pensavam que eu era o baixista da banda”, relembrou, sorridente.

Alex é uma pessoa que vai beber muito da sua influência a outros artistas, não se limitando apenas a um género de música em específico. O músico consome estilos que vão desde o metalcore, passando pelo pop, o rock progressivo e psicadélico e até o hip hop. “o estilo que eu desgosto mesmo é kizomba, mas nunca se sabe porque eu quando era mais novo não gostava nada de hip hop e esta semana só ouvi, praticamente, hip hop”, esclareceu. Bandas como Bloc Party, Radiohead e The Killers, fazem parte da lista de influências de Alex. “Acho que vocês já ouviram o meu single. Toda a gente diz que aquilo parece Bloc Party português”, referiu. “Eu queria imitar Bloc Party. Eu ouvi aquilo a primeira vez e eu nunca pensei que fosse possível fazer rock e pôr as pessoas a dançar. Era mesmo fora na minha cabeça”, assumiu o músico. Grupos de punk-rock como os Refused – banda que o trio convidado da entrevista aprecia em comum – transmitem toda uma atitude para além do simples conteúdo musical. “Eles têm imenso. Têm uma atitude inteira de revolta, contra as coisas certas. Muitas vezes, é uma revolta perdida, muito séria. Uma consciência social muito importante”, afirmou o companheiro de palco e estúdio, Victor. Já a banda de metalcore Underoath foi crucial no processo de aprendizagem de guitarra para Alex. “Não sou um guitarrista muito virtuoso como eles são, mas noto que algumas das coisas que sei fazer na guitarra aprendi ao tentar tocar músicas deles”, rematou.

O processo de construção da identidade de Alex ainda vai no início e todos os dias se vai moldando às vivências que o mesmo experiencia. “Cada vez que eu experimento qualquer coisa nova dou por mim a descobrir o que eu achava que nunca viria a fazer”, afirmou o próprio. O artista tem a perfeita noção das suas limitações e do longo percurso que ainda lhe falta percorrer. “Há alturas em que eu me sinto o maior, mas o Ben tem a função de me fazer ver que não e que ainda me falta um bocadinho.Essas limitações têm de ser trabalhadas e só assim eu posso conseguir ir mais longe.”, desabafou.

Esta conversa abriu-nos uma porta para quem é Alex D’Alva Teixeira, que finalizou explicando o porquê de recorrer a um nome tão extenso para se denominar artisticamente. “Quando pus a minha música online quis meter Alex Teixeira, mas já havia um jogador de futebol brasileiro com esse nome, e na minha família sempre deram muita importância ao d'Alva Teixeira, que vem da parte paterna”, explicou. “Na altura achava que era um nome demasiado grande, mas nas redes sociais e na imprensa aparecem várias pessoas com dois nomes sobrenomes.”, alegou. Alex é assim um artista com uma carreira influenciada pelos demais artistas que idolatra, apostando severamente num futuro cheio de inovações e experimentações a nível musical. Sempre com a versatilidade imposta como regra fundamental. O mesmo encontra-se a trabalhar no seu primeiro registo de longa duração, que será lançado apenas em 2013. Até lá, ficamos com o EP “Não é Um Projeto” e com uma ideia de que o artista nos irá surpreender no futuro.




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