Numa semana em que a agenda dos festivais de verão aparenta estar a “rechear-se” ninguém se mostra indiferente ao regresso dos Queens Of The
Stone Age a Portugal. De facto a banda de Songs
for the Death (2002) recebe há já alguns anos o carinho dos “rockers”
portugueses e certamente levará alguns milhares de pessoas à Herdade do Cabeço
da Flauta, onde pelo quarto ano consecutivo se realiza o festival Super Bock
Super Rock.
A popularidade dos “QotSA” é de resto bastante generalizada,
visto que a banda natural da Califórnia é uma das responsáveis pelo aperfeiçoar um dos sub-géneros que vieram a marcar o início do novo século. O stoner rock une o
melhor do Hard Rock e do Psicadelismo dos velhos “antepassados”, não só porque
se assume como uma das vias secundárias da vastíssima e vaga categoria do rock
alternativo, mas também por ser uma espécie de revivalismo de bandas como: Blue
Cheer ou os Black Sabbath. Ao ouvir a banda de Palm Desert, esta “mescla de
géneros” faz ainda mais sentido, visto que o “patrão” da banda, Josh Homme
deixou o sol da Califórnia e rumou para Seatle, em 1995, onde veio a fazer
parte dos Screaming Trees, uma banda que “arranhava” o grunge.
Josh Homme, na imagem, é o "patrão" dos Queens of the Stone Age. |
Na época o vocalista e guitarrista bebeu do que melhor se
fazia em Washington e voltou, três anos depois para formar os Queens of the
Stone Age. O “pai” da banda norte-americana trouxe com ele Van Conner, baixista
de Screaming Trees e Matt Cameron, baterista de Soundgarden. Para finalizar
esta formação inicial, mais grunge, juntou-se ainda o guitarrista John McBain.
Mas, e como ainda hoje acontece, os Queens of the Stone Age
estão em constante mutação, visto que a banda não consegue manter uma formação
fixa durante muito tempo. Prova disso foi a rápida troca de três dos cinco
elementos iniciais por outros três velhos conhecidos de Josh Homme. Nick
Oliveri, baixista, e Alfredo Hernadez, baterista, partilharam os palcos com o
musico nos Kyuss, uma outra banda californiana de stoner, e David Catching, com o
qual a banda já tinha trabalhado em estúdio.
Estávamos então em 1998 e os QotSA preparavam-se para lançar
uma das suas primeiras obras-primas. O álbum homónimo marca não só o começo de
uma carreira muito respeitada, como também o importante vinculo com Stone
Gossard. Na época o guitarrista de Pearl Jam, foi o responsável pelo lançamento
disco através da sua Loosegroove. Queens of the Stone Age consegue a proeza de reunir a generosidade rímica
do hard rock, o negrume lamacento do grunge e ainda o melhor que os Kyuss
deixaram, principalmente quanto ao peso dos riffs e à melancolia da voz. É certo
que Josh Homme não deve ter gostado da comparação feita com a sua anterior
banda e por isso algum tempo depois do lançamento do álbum desvalorizou as
parecenças e chamou-lhe “robot rock”.
Queens of the Stone Age marca o começo de uma carreira com 15 anos. |
“Beliscados” ou não, Josh e "companhia" deviam ter dado algum do seu tempo à escolha da capa uma capa. Não que a imagem feminina
não seja uma boa forma de mostrar o lado mais sensual de um álbum, mas o facto
é que ao olhar para esta capa não me salta à vista essa sensualidade. Afinal de
contas as mãos da modelo são másculas. A cor da fotografia também não é a melhor e
saltam à vista pormenores, muito pouco ortodoxos na roupa interior que fazem desta imagem algo digno de uma capa de um filme
para maiores de 18 anos. Já para não falar que esse filme seria, com certeza, classe B, visto que o lettering e cor escolhidos para o nome da banda também
não são os melhores, lembrando até a ferramenta Wordart que alguns editores de texto possuem. No fundo esta até pode ser a capa mais razoável que a rubrica apresentou até hoje, mas não deixa de ser a pior que a banda tem e de possuir elementos que acabam por prejudica-la ainda mais.
Falsas sensualidades à parte, o álbum reune temas com grande importância para o percurso dos californianos. «If Only», «Avon», « Hispanic
Impressions» ou «You Can’t Quit Me Baby», podiam muito bem figurar uma qualquer coletânea mais completa, da banda. Mas, e apesar de não terem sido single em
98, «Mexicola» e «Regular John» são sem dúvida os temas chave deste disco. Esta "atribuição" deve-se não só pela forma como, ainda hoje, são apelados pelo público, ao vivo, como pela
intensidade quase insana que oferecem através de um baixo “sujo” e corpulento que vai
sendo “rasgado” por histéricas linhas de guitarra e marcantes breaks de bateria.
Olhando para trás, e mesmo ouvindo todos os cinco álbuns da banda,claramente influenciados por este registo, Queens of the Stone Age não parece mesmo ser um álbum com 14 anos. O que por um lado pode significar que o tempo passa sem que dêmos por ele, mas por outro porque talvez o stoner destas "malhas" mantenha-se, até hoje, “intocável” e intemporal. Quanto ao tempo nada pode ser feito, mas se a música é ou não intemporal cabe aos próprios Queens of the Stone Age, como embaixadores deste género tão "seu", continuar a defendê-la, não só no concerto de 20 de Julho, para jubilo dos fãs portugueses, mas principalmente no seu sexto álbum de originais, com lançamento marcado para 2013.
Olhando para trás, e mesmo ouvindo todos os cinco álbuns da banda,claramente influenciados por este registo, Queens of the Stone Age não parece mesmo ser um álbum com 14 anos. O que por um lado pode significar que o tempo passa sem que dêmos por ele, mas por outro porque talvez o stoner destas "malhas" mantenha-se, até hoje, “intocável” e intemporal. Quanto ao tempo nada pode ser feito, mas se a música é ou não intemporal cabe aos próprios Queens of the Stone Age, como embaixadores deste género tão "seu", continuar a defendê-la, não só no concerto de 20 de Julho, para jubilo dos fãs portugueses, mas principalmente no seu sexto álbum de originais, com lançamento marcado para 2013.
Relembre aqui os temas«Mexicola» e «Regular John», tocados ao vivo:
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