Em 2010 os Pearl Jam vieram ao Alive!,
no dia 10 de julho. Paguei o dobro do preço por já estarem
esgotados e ter de comprar à porta. Se valeu a pena ou não, fica
para depois.
Mas não é de Pearl Jam que vou
escrever, antes de Pearl Jam tocaram os Gogol Bordello, e nesse
concerto senti-me uma sardinha, como nunca me tinha sentido num
concerto, nem saltar conseguia. Tive mais espaço em Deftones, em
System of a down, em Metallica, Tara Perdida ou Offspring. Aquilo
estava quase impossível.
Mas é de Dropkick Murphys que quero
falar, da primeira vez que os vi e ouvi.
Já não me lembro a que horas tocaram,
mas era de dia. Ainda não os conhecia, não sei porquê, pura e
simplesmente nunca me chegaram aos ouvidos.
Vamos dizer que por volta das cinco da
tarde, lá estava eu, encostado à grade que separa o lado esquerdo
do lado direito, quieto, à espera, quando faltavam umas boas horas
para o que eu queria ver. Estava com a namorada e as amigas (não
estava muito entusiasmado) e queriam esperar, não me pareceu boa
ideia abrir a boca a discordar. Farto de estar em pé, ao sol,
cansado, a tentar fazer boa figura sem jeito nenhum quando de repente
entram uns gajos para cima do palco. Um tinha uma saia escocesa, o
outro tinha um acordeão, o vocalista parecia o Henry Rollins dos
Black Flag ao longe, era o Al Barr, bateria, guitarras, baixo,
gaita de foles e banjo (tocado por Jeff DaRosa com descendência
portuguesa). “O que é que esta gente vai tocar?”.
Quando começou eu nem queria
acreditar, onde estiveram os Dropkick a minha vida toda? Dos maiores
moches que vi, este está no topos, sapatos a voar, mochilas, gente,
crowdsurfs com uns metros consideráveis, pessoas que sabiam o que
aquilo era, e se não sabiam pouco importava. Era uma festa punk com
um toque irlandês e uma vontade de partir para cima do outro.
Do meu lado não se passava nada, era o
lado esquerdo a olhar para o direito mas ninguém queria começar uma
festa deste lado.
Passado uns anos, sei agora que tocaram
a «Worker's Song», um tributo aos trabalhadores, não os que estão
atrás da secretária o dia inteiro, os outros. “In the factories
and mills, in the shipyards and mines “ os que os Murphys dizem
serem os primeiros a morrer “We're the first ones to starve, we're
the first ones to die “. Tocaram a «Shipping of to Boston»,
«Barroom Hero», «Johny I hardly Knew ya», «Fields Of Athenry»...
Ao Alive! desse ano só fui esse dia,
mas que dia. Não estava mesmo à espera que o concerto de Dropkick
Murphys fosse tão bom, mas quem foi, penso que percebe o que estou a
dizer.
“Let's go Murphys!”
Formação:
Ken Casey - Voz; Baixo
Matt Kelly - Bateria; Bodhrán; Voz
Al Barr - Voz
James Lynch - Guitarra; Voz
Tim Brennan - Guitarra; Bandolim;
Acórdeão; Voz
Josh “Scruffy” Wallace - Gaita de
Foles; Tin Whistle
Jeff DaRosa - Violão; Banjo; Bouzouki;
Teclado; Bandolim; Apito; Orgão; Voz
Sem comentários:
Enviar um comentário