Do estranhar ao entranhar


O nosso Portugal está cheio de culturas, ou devo dizer influências africanas, brasileiras ou até indianas. Mas por enquanto a referência mais forte irá ser as culturas das ex-colónias portuguesas. Tal "espírito" de colónias que ainda perdura um pouco no nosso país no que toca à musica.

 A minha ideia é que todas as músicas em crioulo, seja de cabo-verde ou angola ou mesmo da Guiné, o povo português tem pouca capacidade de receber esses dialectos. Essa forma de falar dos ditos PALOP ainda gera muita insatisfação por inúmeras razões: muitas pessoas são nacionalistas (definição certa  para uns, uma simples palavra para outro) e não concordam com o acolhimento de pessoas dos PALOP,há que referir, por isso desprezam também a sua arte, a música. Se for uma pessoa que venha da Europa  é certamente,para estes cépticos nacionalistas, um povo mais civilizado e mais culto. Outra razão para não se goste desta música é porque normalmente quando se pensa em crioulo pensa-se em rap. E com rap crioulo as pessoas pensam em miúdos que andam por aí a roubar, a fumar, a beber e não sabem falar. Eles sabem falar o dialecto deles, nós é que não percebemos. Uma cultura tem coisas boas e más,obviamente. Adiante.

Uma das coisas que devemos fazer é respeitar a cultura de cada um. Não importa que seja preto ou branco. Uma pessoa pode ser ter nascido em Portugal mas ter outra cultura, por se identificar mais com outro ambiente. Este acolhimento de culturas é isso mesmo. Há inúmeras culturas em Portugal para explorar onde há coisas bonitas. Eu por exemplo, vivo sempre no Cacém e absorvi a música e algumas práticas da cultura angolana e cabo-verdiana. Gosto bastante. Não só de rap crioulo mas como Semba e Morna. Dançar ou não saber dançar estes ritmos quentes... "um quebra-pernas".

Tentar perceber a mensagem da música feita por pessoas que cresceram e viveram noutros ambientes senão o nosso, nem toda a gente o faz. No caso do crioulo angolano ou cabo-verdiano que é o que eu oiço todos os dias, aprende-se cara a cara e não pelo tradutor do google. Eu consigo perceber certas palavras, é como aprender "uma língua nova" como foi com o inglês por exemplo.

Neste momento a música brasileira é uma das minha preferidas. O preconceito de não gostar de uma arte pela pessoa que a faz "já passou de moda ". Não tem cabimento.

Acredito que a maior revolução vai ser quando percebemos que a fusão de culturas é um passo gigantesco que não será dado nem hoje nem amanhã. O Fado,o Semba de Angola, querem mais?."Primeiro estranha-se e depois entranha-se". O lema é simples.


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