Entrar no Coliseu dos Recreios, em
Lisboa, no dia 25 de Outubro foi como entrar numa máquina do tempo e
voltar dez anos para trás, estamos agora em 2002 a caminho do último
concerto de “Ornatos Violeta”.
Foi com um “vamos a isto” que a
despedida começou pouco tempo depois do previsto e ainda ninguém
sabia que além dos temas de “cão!” e “ O monstro precisa de
amigos” viriam ainda temas menos conhecidos, não editados e as
raridades que completaram um concerto de duas horas e meia.
O público, esse, ocupava a casa toda e
não parou de aplaudir do princípio ao fim com a consciência de que
para muitos dos que ali estavam seria a última vez que iriam ver e
ouvir a banda de Manel Cruz, Peixe, Nuno Prata, Kinörm e Elísio
Donas a tocar ao vivo e em cima de um palco.
Em cima do palco esteve também um
convidado, do público, que se ofereceu para tocar “Deixa Morrer” e dedicá-la a um membro da plateia
e o frontman não viu porque
não deixar.
“Deixa
Morrer” acabou por ser uma das grandes músicas deste concerto, uma
vez que foi aqui que o público interagiu mais com a banda. Além de
um membro do público estar em cima do palco, praticamente como
membro da banda visto que a sua prestação foi perfeita a tocar
guitarra acústica, é em “Deixa Morrer” que existe a frase
“Estão vivos outra vez” e o público fez questão de mostrar
estarem satisfeitos com a ressurreição dos já míticos Ornatos
Violeta.
A par
de “Deixa Morrer”, “Chaga”, “Ouvi Dizer”, “Nuvem” e
“Capitão Romance” fizeram as delícias de um público que
estava “ora amargo, ora doce”, tristes por ser aquele o último,
felizes por ali terem estado. Este era também o sentimento vindo do
palco que ia agradecendo ao longo de todo o concerto e homem de
poucas palavras como o próprio o referiu, Manel Cruz era quem dava
voz aos muitos “obrigado” que eram ditos sempre que possível.
Para o
fim foram reservadas as raridades de Ornatos, músicas que pouca
gente conhecia e onde o gosto por Ornatos permitiu à banda que as
tocasse sem qualquer interferência do público que nem tentava
adivinhar as letras e dançava nas músicas mais mexidas, ou absorvia
nas mais calmas.
Foi
assim a despedida dos Ornatos Violeta, um grande concerto de uma
banda que ficará para a história da música portuguesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário