Rubrica: Designer Precisa-se! #1

As piores capas de álbuns dos últimos 30 anos


A partir de hoje, esta rubrica semanal vai abordar, às Quartas-Feiras, o atractivo mundo das capas de discos da cultura Pop/Rock desde a década de 80.

Para muitos o hábito faz mesmo o monge, e para que não restem dúvidas o que se vai fazer aqui é descobrir se uma má capa pode “transportar” igualmente um mau disco. Os dois componentes mais importantes de um álbum de música, desde a invenção do vinil, podem estar dissociados no que toca à nota artística, visto que, por vezes, há significados, sensações e mensagens que dificilmente são aceites e entendidas visualmente, e é por isso que podemos afirmar que uma má capa pode afinal ser uma capa estranha, difícil de interpretar ou simplesmente uma capa ignóbil ou “sem sal”.

Será que um trabalho que pode levar meses, ou até anos, a ser feito pode ser encarado de forma tão simples? Afinal a arte não pode ser avaliada a “preto e branco” e temos de estar abertos a “zonas cinza” da opinião e da especulação. O meu compromisso é responder a essa questão, neste espaço “às Quartas”.

A capa que escolhi para esta primeira crítica, é a de Born This Way, álbum editado em 2011 pela norte-americana Lady Gaga, que por conta deste trabalho atingiu a primeira posição de 34 tops em todo o mundo, incluindo a lista da Billboard.


Esta é a capa do álbum de Lady Gaga que  tem reunido uma contestação quase unânime, não só dos críticos, como também do grande público, e até dos fãs da cantora.

Na capa encontramos um fundo negro, onde se destacam o nome do álbum, numa fonte de letra normal para o estilo que a artista já nos habituou, e o busto da cantora, que surge de forma pouco ortodoxa integrado numa mota de grande porte. Lady Gaga " a duas rodas" que me faz lembrar o Mad Max, um  filme  que conta com a participação de Mel Gibson, e dá-nos o retrato futurista de uma Austrália “pós apocalítica”, onde reinam a destruição e grupos de motards rebeldes.

A imagem até pode ter uma conotação rebelde, mas o que nos salta imediatamente à vista é que é muito mais apocalítica do que a visão futurista de Mad Max e mais “ruidosa” do que “as motas da morte” que o filme de George Miller imortalizou. Este é talvez um dos fortes exemplos de capas “estranhas” que vou abordar nesta rubrica, visto que ninguém estaria a espera de ver Lady Gaga como um guiador de uma mota de alta cilindrada.

Para alguns críticos, nem o tipo de letra “se salva”, visto que Sean Michaels, do jornal “The Guardian” afirmou na sua apreciação que a capa tinha  «uma fonte de texto cromado de porcaria».

Não foi, porém, por ter uma capa pouco escorreita que o álbum não foi mais um fenómeno de vendas da polémica artista Pop, Born This Way, vale mais do que a capa tem para dar e é um autêntico ensaio social executado por Gaga, que quis demonstrar um renascer da raça humana, entre canções muito dançáveis e de profunda raiz electrónica como «Judas»( muito contestada pela comunidade católica) e a homónima «Born This Way» . Saltam à vista influências do Pop/ Rock dos anos 80 e 90, visto que muitos dos temas soam a versões futuristas e musculadas de Madona e Whitney Houston, reforçadas pela participação Brain May (Queen) que “emprestou” à artista os seus solos para a gravação do álbum.

Na defesa desta estranha capa, está o significado que a artista quis passar.É um pouco rebuscada a visão apresentada para justificar este autêntico mamarracho, mas supostamente, a intenção de Gaga foi levar toda a temática dos temas para a “cara” do disco, e “nasceu assim” um ser mutante, meio humano, meio mota que tem um caminho a percorrer na luta pela igualdade e pelos direitos de todos.

Não sabemos até que ponto esta justificação é viável, mas o que é certo, é que a artista norte-americana tem aqui um novo motivo para ficar na história da Pop, mais do que não seja pela irreverência dos temas de Born This Way e pela feia capa que este álbum tem.




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