On The Record #2

Laura Mvula, a menina-mulher das acapellas escondidas

Sing To The Moon é um de disco de altos e baixos. Começá-lo com com uma canção de embalar é, desde logo, um tiro no pé. «Like the Morning Dew» é uma canção morna, apesar de falar sobre o orvalho das manhãs: é uma intro que não convida a entrar, que é como quem diz: ouvir o resto. Mas escutá-lo no seu todo não é uma perda de tempo.

«Make Me Lovely» é um bom tema para os amantes de jazz, logo antes de se ouvir o primeiro single do trabalho de Laura Mvula. «Green Garden» está cheio de palmas, de mudanças bruscas, de coreografias dançantes. É um false friend, já que outra coisa parecida só se vai ouvir lá para meio do disco em «That's Alright ». É um bom sonoro para os flashmobs da moda, depois de se ter passado os ouvidos pelo chill out (quase demasiado lento) de «Can't Live With The World», por «Is There Anybody Out There» (no qual as semelhanças com originais da Walt Disney são pura coincidência) ou pela rouquidão de Laura em «Father, Father», que a faz parecer mais velha do que é (tem 26 anos). Antes de terminar tal como começou - com «Lullaby» (tradução fiel de canção de embalar) - Laura guardou o melhor para o fim. «Sing To The Moon» exalta os moldes orquestrais dos seus músicos, bem como a pureza da sua voz. Os instrumentos de sopro e o recurso aos coros ganham força em «Fyling Without You» e em «She» que, de resto, serviu como painel de apresentação do trabalho de Laura através de um EP de título homónimo, revelado em Novembro do ano passado.
 
Formada em composição pelo Birmingham Convervatoire, a britânica Mvula já conquistou o quarto lugar como 'Sound of 2013' pela BBC. Escreveu este disco nos intervalos das aulas como professora secundária substituta. Astuta, enviou duas demos para alguns gigantes da música depois de mudar de emprego: era recepcionista.

Diz-se influenciada pelo soul e R&B dos anos 90, com especial destaque para as Eternal. Facto estranho para quem se apresenta muito mais formatada e com muito menos pop do que aquela banda feminina. As semelhanças com Emeli Sandé podem ser atribuídas pelo corte de cabelo (embora mais radical) ou pela serenidade no olhar. Mvula é uma Sandé assim: com mais classicismo, a mesma classe. E, por agora, menos mediatismo. Falta o tira-teimas daqueles altos e baixos.


Sing To The Moon : RCA Records : 4'Mar'13

1. Like The Moon Dew
2. Make Me Lovely
3. Green Garden
4. Can't Live With Out There
5. Is There Anybody Out There
6. Father, Father
7. That's Alright
8. She
9. I Don't Know What the Weather
10. Sing to the Moon
11. Flying Without You
12  Diamons

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