Rubrica: Designer Precisa-se! #5

Um novo Punk

Hoje deixamos os "cintilantes" anos 80 e avançamos uma década. Sim, infelizmente os anos 90 também possuem muito bom material que possa figurar neste “cantinho”. A época pode ser de tenra memória para muitos, mas repare-se que já se passaram 22 anos e, de resto, a década da flanela, do Grunge e do Pop /Punk marcou não só o nascimento do autor da rubrica, mas também o surgimento de ícones incontornáveis na vida de qualquer teenager. Entre as novidades destaco os míticos patins em linha, a revolucionária PlayStation ou o clássico filme da Disney O Rei Leão (1994), que hoje parece coisa de criancinhas, mas segundo me lembro conseguiu que muitos “calmeirões” das escolas secundárias vertessem lágrimas no momento da morte de Mufasa (o pai do pequeno Simba).

Afianço-vos que pegar nestes teenagers não é de todo despropositado e que até faz todo o sentido, visto que os adolescentes foram desde sempre os primeiros alvos das indústrias discográficas a nível mundial. Se pelos anos 50 as novidades circulavam em volta dos “Rockabilly”, que transpiravam brilhantina, e os discos de R&B, nos anos 90 os gostos diversificaram-se entre o Grunge, as Boysbands, o Hip Hop, o Nu Metal e o Pop Punk.

A minha escolha de hoje podia muito bem recair nos Backstreet Boys, nas Spice Girls, ou nos saudosos Nirvana, mas não podia deixar impune a importância de bandas que transformaram o Punk em música “para as massas”. Entre os responsáveis estão os Green Day e os Offspring, duas bandas norte-americanas que marcaram a diferença no mundo da POP entre finais dos anos 80 e a década de 90, justamente por unirem a energia frenética do Punk aos refrões marcantes e coloridos dos registos mais "Populares".


Os Offspring (foto) foram uma das bandas responsáveis pela evolução do Punk Rock e do nascimento do Pop Punk nos anos 90.

No fundo este era um estilo novo, fresco e que remetia os ouvintes para os desportos radicais e para as actividades de alto risco, como o Skate o Downhill ou o Budging Jumping. Esta realidade veio, na época, a formar uma “nova onda” que empolgou os jovens, possuidores de mesadas “sofredoras”, a comprar discos e ver concertos deste “novo Punk”.

Decidi, por fim, escolher os Offspring, visto que, entre a minha pesquisa, saltou à vista a horrível capa de Smash (1994), o terceiro trabalho de originais da banda de Dexter Holland. O lettering não me chocou, é até bem simples e o mais usado pela banda ao longo da carreira, não fosse ele encabeçar um inestético monte de manchas pretas e amarelas, que por cima de um fundo castanho, tentam formar um plano médio de um esqueleto humano. Nada podia piorar, não fosse o nome do álbum surgir em vermelho, o que me lançou uma questão: Quem é que no seu prefeito juízo coloca vermelho sobre este tom, de algo que não devo especificar, e ainda arrisca conjugar manchas para adquirir uma espécie de um “efeito Compton”? Não sei se alguém terá a “envergadura mental” para encontrar uma resposta viável, mas confesso que já me sinto “esmagado” de tanto a tentar achar.


Smash até pode ter marcado a história da editora  independente "Epitaph", mas não deixa de ter a pior capa da carreira dos Offspring.

Tirando este defeituoso “Raio X” o álbum não tem mesmo nada de errado, aliás é até algo marcante, não tivesse sido o disco mais vendido de sempre por uma editora “indie”, até aos dias de hoje, com 6,3 milhões de cópias adquiridas. Este marco histórico motivou uma autêntica “corrida à banda” por parte das grandes editoras americanas que, sem sucesso, foram tentando fazer chegar propostas à banda. Só em 1997, três anos depois, a Columbia Records (actual Sony Music) conseguiu convencer a banda de Huntington Beach, a assinar um contrato discográfico.

Negócios à parte, Smash deu ao mundo dois sucessos incontornáveis na história banda Californiana: “Come Out and Play (Keep ‘Em Separeted)” e “Self Esteem”. O primeiro tema apresenta-nos um arrojo nas composições da banda com um riff baseado numa escala arábica, o segundo fica na memória pelo coro desafinado e distorcido com que inicia.

É óbvio que estes temas não firmaram o sucesso que a banda alcançou com “Pretty Fly (For a White Guy)”, o principal single de Americana, mas deram o mote a muitos dos temas compostos nos álbuns seguintes. Aliás a última faixa, e homónima do álbum Smash, mostra-nos um riff muito idêntico ao que é usado em “Pay The Man”, uma das faixas de Americana.

Com uma melhor ou pior capa o certo é que os Offspring começaram em 94 a coleccionar fãs e um reconhecimento generalizado, que os tornou, não só, num pequeno fenómeno, como também numa referência para esta nova forma de fazer Punk. Hoje já não imprimem a mesma energia que documentam os videoclips, visto que a idade e a massa adiposa já não o permite, mas lançam Days Go By, em Junho deste ano, que não só continua a mostrar do que estes californianos são capazes como também nos brinda com uma capa muito mais agradável a qualquer “vista desarmada”.



Fiquem com os dois grandes êxitos de Smash (1994):

“Come Out and Play (Keep ‘Em Separeted)” 



 “Self Esteem”


1 comentário:

  1. Um dos meus álbuns preferidos de sempre. A prova de que as coisas não se julgam pela capa ;)

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